quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Duzentos anos depois de seu nascimento, Darwin ainda gera polêmica

(Tatiana ProninEditora do UOL Ciência e Saúde)

Duzentos anos depois de seu nascimento e 150 anos após a publicação do seu livro mais famoso, "A Origem das Espécies", Charles Darwin ainda desperta polêmica. Pode-se concluir que foi mais fácil para a sociedade, na época de
Galileu Galilei , assimilar que a Terra não é o centro do Universo, do que aceitar que o homem não é superior a todas as outras espécies, como defendeu o naturalista inglês.

Caderneta do naturalista com o esboço da árvore da vida, conceito primordial da teoria da evolução das espécies
até hoje as discussões sobre como a vida começou são calorosas, é possível imaginar o quanto as ideias de Darwin causaram reações quando sua teoria
foi apresentada à comunidade científica pela primeira vez, em 1858, junto com a do cientista galês Alfred Russel Wallace, que chegara a conclusões semelhantes. O livro foi publicado no ano seguinte, 20 anos depois de o inglês ter começado a rascunhá-lo.

A demora em publicar a teoria é fácil de ser compreendida. Ainda que os princípios da evolução já permeassem a mente de alguns cientistas, (inclusive do avô de Darwin, Erasmus), o conceito mais aceito sobre a origem dos seres vivos era o criacionismo: Deus criou todas as formas de vida existentes e fez o homem à sua imagem e semelhança. Outra noção que começava a tomar forma na época vinha do reverendo inglês William Paley, para quem a complexa adaptação dos organismos só poderia ser fruto de um projeto inicial, de um "designer" inteligente.

Darwin sabia que defender que os seres evoluem a partir de mutações aleatórias , e que todas as peculiaridades do ser humano teriam razões adaptativas, era bastante ousado."É como confessar um assassinato", chegou a escrever o naturalista ao colega botânico Joseph Hooker. Era preciso que todos os argumentos estivessem muito bem fundamentados. A religiosidade da esposa, Emma, também reforçava os receios de Darwin. Ao receber a carta de Wallace e ver que seu trabalho de anos perderia toda a originalidade, Darwin quase desistiu. Mas os amigos, inconformados, o convenceram a levar o projeto adiante.

Os manuscritos do naturalista, entregues após sua morte pela família, provam que a semente do evolucionismo lançou-se cedo na mente de Darwin - antes que na de Wallace. E a solução não desagradou ninguém - o galês nunca denunciou qualquer injustiça e ambos trocaram correspondências até o fim.Resistência"A teoria da evolução ainda gera controvérsia por um motivo muito simples: ela trata da origem do homem", afirma Maria Isabel Landim, pesquisadora do Museu de Zoologia da USP (Universidade de São Paulo) e uma das organizadoras do livro "Charles Darwin - Em um futuro não tão distante", lançado pelo Instituto Sangari esta semana.

Uma pesquisa recente , inclusive, mostra que até no Reino Unido, terra de Darwin, a crença no evolucionismo é limitada: 51% da população não acredita na teoria. A resistência que muita gente sente em relação às ideias do naturalista, para ela, também pode ser explicada por muitos equívocos até hoje difundidos. Se estivesse vivo para descobrir que o "darwinismo social", doutrina da "sobrevivência do mais forte", foi usado como justificativa para os crimes hediondos do nazismo, o inglês certamente teria caído em depressão. Darwin era tão contrário à ideia de "raças" superiores ou inferiores que chegou a dizer , ao deixar Pernambuco a bordo do Beagle, que nunca mais voltaria a um país onde houvesse escravidão. Outro conceito falsamente atribuído ao naturalista é a ideia aristotélica e linear da evolução: o célebre desenho que mostra um macaco de quatro, outro semiereto na frente e, por último, o Homo sapiens.

De acordo com Darwin, o homem não veio do macaco, mas de um ancestral comum a ele. E não há uma espécie menos evoluída e outra mais: todas elas emergem como ramificações de uma grande árvore da vida, esboçada nas anotações do naturalista.Pensar que a existência humana é apenas "um jogo do acaso com a necessidade", como resume Landim, pode doer no ego de muita gente. Mas não para ela: "As pessoas me perguntam se eu não me sinto vazia por acreditar no evolucionismo e eu respondo que, pelo contrário, isso me faz sentir conectada com tudo o que existe no Universo"


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Darwin, sentimos sua falta.


Sei como essa moça se sente, afinal, por que eu me sentiria vazia por acreditar que não foi a fadinha do dente que colocou aquela nota de dois reais debaixo do meu travesseiro? Acreditar a vida inteira no papai noel, por exemplo, provavelmente deixaria minha vida muito mais emocionante!! Acordaria todos os dias e comeria bem mais legumes para que pudesse ganhar o tão sonhado pedido que fiz na minha cartinaha de natal. ( só espero que as renas sejam marombadas suficiente pra me trazerem meu Jeep e minha Ferrari).
Não quero, com essa comparação, que as pessoas pensem: Nossa! Está nivelando Deus com contos de fadas! Eu estou. Pra mim sua existência é tão real quanto os demais mitos, mas nem por isso quero que ninguém se ofenda.
Eu penso que floriar a vida seja importante, e quem sabe até necessária, mas devemos lembrar ,também, de todas os benefícios que o conhecimento científico, ao tentar desmistificar a realidade, traz consigo.

Muitos também riram de Galileu Galilei. Será que perguntaram para ele se ele se sentia vazio por saber que a terra gira em torno do Sol e não o contrário? Em saber que Deus não colocou a Terra no centro do Universo? Hoje em dia, será que isso afeta a fé de alguém? Serei eu motivo de piada por acreditar nisso? Deveria eu pensar que o sol e a noite acontece pela eterna briga de Rá e Hórus?


Perder a fé, ser cético, tornar-se um niilista tem suas desvantagens, mas ignorar todo um novo universo de possibildiades que se abre quando se aprende algo novo, ou, como prefiro entender, quando se percebe a realidade de outros angulos é um atraso na existência.



Hail Darwin! Knight of atheism!

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